
As Construções São a Verdadeira Face dos Desastres Sísmicos.
Introdução
Os sismos são fenómenos naturais inevitáveis, resultado do movimento das placas tectónicas da Terra. Embora não possam ser evitados, os sismos não têm de resultar em tragédias. A verdadeira causa das catástrofes associadas a estes eventos não é o próprio sismo, mas sim as construções inadequadas que não conseguem resistir às forças sísmicas. Este artigo explora a importância de construções resilientes para minimizar os danos causados por sismos, sublinhando a necessidade de normas de construção rigorosas, da modernização de infraestruturas e da educação pública sobre a segurança sísmica.
As construções desempenham um papel crucial na prevenção de desastres durante um sismo. Edifícios mal projetados e construídos sem consideração pelos riscos sísmicos são vulneráveis ao colapso, o que pode levar a perdas significativas de vidas humanas e a destruição de propriedades. A aplicação de normas de construção que incorporem práticas de engenharia sísmica adequadas é essencial para garantir a segurança das populações em áreas suscetíveis a sismos. Este artigo examinará como as construções resilientes podem transformar a forma como as sociedades enfrentam os sismos e evitar danos catastróficos.
Enquadramento
Definição de Sismo
Um sismo, ou terramoto, ocorre quando há um movimento súbito das placas tectónicas da Terra, libertando uma grande quantidade de energia que se propaga na forma de ondas sísmicas. Estas ondas causam o tremor do solo, que pode variar em intensidade, desde leves vibrações até tremores capazes de destruir infraestruturas. A magnitude de um sismo é medida pela escala de Richter, enquanto os seus efeitos à superfície são avaliados pela escala de Mercalli Modificada. Embora os sismos sejam inevitáveis, os danos que causam podem ser significativamente reduzidos se as construções forem projetadas e edificadas com resiliência.
Historicamente: A Importância das Construções Resilientes
Ao longo da história, os sismos têm causado grandes desastres, principalmente em regiões onde as construções não estão preparadas para resistir a esses fenómenos. Um exemplo histórico é o terramoto de Lisboa em 1755, que causou uma destruição massiva e a morte de milhares de pessoas, em grande parte devido à fragilidade das construções da época.
No entanto, há exemplos de sucesso onde as construções resilientes evitaram maiores tragédias. O Japão, após o terramoto de Kobe em 1995, implementou rigorosas normas de construção que exigem que todos os edifícios sejam projetados para suportar grandes sismos. Estas medidas reduziram significativamente as mortes e os danos materiais em sismos subsequentes, demonstrando a importância das construções resistentes.
O Papel das Construções na Mitigação dos Danos
A resistência das construções é fundamental para minimizar os danos causados por sismos. Edifícios projetados com técnicas de engenharia sísmica, como o uso de isoladores de base e sistemas de amortecimento, podem absorver a energia sísmica e evitar o colapso. A aplicação rigorosa de normas de construção que incorporem estas técnicas é essencial para garantir a segurança das populações em áreas sujeitas a sismos.
Em Portugal, após o sismo de magnitude 5.1 em 2024, a especialista em resistência sísmica, Mónica Amaral Ferreira, destacou a contínua construção de infraestruturas sem as devidas proteções sísmicas, alertando que "o que mata são as construções" (Ferreira, 2024). Esta situação sublinha a necessidade urgente de reforçar as normas de construção e de modernizar infraestruturas críticas para evitar futuras tragédias.
"Cada edifício que colapsa durante um sismo é um testemunho da nossa falha em construir com responsabilidade, sublinhando que a verdadeira ameaça não está no sismo, mas nas construções mal concebidas."
Alertas que São Dados
Especialistas em engenharia sísmica e instituições internacionais têm repetidamente alertado para a necessidade de melhorar a resiliência das construções em áreas suscetíveis a sismos. Estes alertas são baseados em estudos que demonstram que a aplicação rigorosa de normas de construção e a modernização de infraestruturas podem salvar vidas e minimizar os danos materiais.
No entanto, muitos países continuam a negligenciar estes avisos, devido ao elevado custo da modernização das infraestruturas, à falta de vontade política ou à corrupção no setor da construção. Em Portugal, apesar dos alertas, continua a existir uma falha significativa na implementação de medidas de proteção sísmica, especialmente em infraestruturas vitais como hospitais. Sem ações decisivas, os danos causados por futuros sismos podem ser devastadores (Ferreira, 2024).
"Os repetidos avisos dos especialistas em engenharia sísmica são um lembrete claro de que a verdadeira catástrofe ocorre quando ignoramos a necessidade de infraestruturas preparadas para resistir aos sismos."
Conclusão
Os sismos são fenómenos inevitáveis, mas as catástrofes que deles resultam não são. A resiliência das infraestruturas é crucial para minimizar os danos causados por sismos e proteger vidas humanas. A frase "o que mata são as construções" sublinha a importância de projetar e construir edifícios que possam resistir aos sismos. É essencial que governos, engenheiros e a sociedade em geral implementem normas rigorosas de construção e modernizem infraestruturas existentes para enfrentar os desafios dos sismos. Com uma ação coordenada, é possível evitar tragédias e transformar os sismos de eventos potencialmente desastrosos em fenómenos naturais controlados.
Referências
Ferreira, M. A. (2024, agosto). Sismos não matam, o que mata são as construções: Reflexões após o sismo de agosto em Portugal. Jornal de Engenharia Sísmica de Portugal.
Earthquake Engineering Research Institute. (2010). The Mw 7.0 Haiti earthquake of January 12, 2010. EERI Special Earthquake Report. https://www.eeri.org/products-page/report/the-mw-7-0-haiti-earthquake-of-january-12-2010